Pode parecer inacreditável que em pleno século XXI ainda existam pessoas que acreditam que a Terra é plana, evidentemente não levam em consideração a descoberta de Eratóstenes (Cirene, 276 a.C. — Alexandria, 194 a.C.) de que a Terra é esférica, confirmada pelo navegador português Fernão de Magalhães que realizou em 1519 a primeira volta ao mundo de caravela, e por dezenas de astronautas que viram, fotografaram e filmaram o nosso globo visto do espaço, mas parece que evidencias cientificas e o senso comum não sejam suficientes para convencer esses crédulos na terra plana.

E o que falar dos “antivacina”, pois desde que foi idealizada no século XVIII pelo médico Edward Jenner, as vacinas têm se provado efetivas na prevenção de doenças, inicialmente da varíola que era a maior ameaça à humanidade naquela época. Hoje, há imunizantes contra muitas outras doenças, como poliomielite, sarampo, caxumba, gripe, hepatite A e B, entre muitas outras já tendo salvado milhões de vidas nesses três séculos de existência. Mas talvez nesse caso a motivação seja ideológica ou ainda seja influenciada pelo ao excesso de “fake-news” que inundam as redes virtuais sabe-se lá com qual propósito.

Ou como diz Victor Bigelli de Carvalho, médico psiquiatra pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), uma teoria plausível é atribuir esse comportamento negacionista ao medo daquilo que é novo. “No caso da covid-19, o medo faz criarmos ilusões de que há algo obscuro ou geopolítico por trás da vacina. Acham que ela é invenção de um plano diabólico chinês de conquistar o mundo. É a mesma coisa que acreditar que um gato preto dá azar ou que devemos sair à caça de novas bruxas. Medo e ignorância geram campos férteis para imaginação”, diz ele.

Mas que semelhança essas pessoas têm com os trabalhadores que se recusam a usar EPIs.

Bem, vamos separar esses trabalhadores em três grupos:

O primeiro é formado pelas pessoas que não tomaram vacina ou que não usam equipamentos de segurança porque não entende a sua necessidade ou finalidade. Esse grupo é o mais fácil de se lidar e conseguir que haja mudança de comportamento. Fiscalização e orientação através de palestras e diálogos de segurança em geral são eficientes em obter uma rápida mudança de postura.

No segundo grupo estão aqueles que já foram treinados e informados sobre a necessidade do uso do EPI e relutam em utilizá-los, normalmente são classificados dentro do hexágono das falhas humanas como portadores de um comportamento chamado de “excesso de confiança”, normalmente são pessoas mais experientes e que se acham imunes à ocorrência de acidentes, ou de ser contaminado pelo coronavírus. Para o tratamento desses casos, muitas vezes é necessário se recorrer a punições administrativas para tentar corrigir o descumprimento às normas de segurança, tais como impedimento de frequentar determinados ambientes, advertências e suspensões.

Finalmente temos aqueles resistentes a todas as ações educativas e medidas de punição. Para esses casos é melhor, para prevenir a sua própria integridade física e de seus colegas, que ele deixe de trabalhar em atividades de risco, podendo ou não aproveitado pela empresa em outras atividades.

Decio Wertzner – Janeiro de 2022

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